O Impacto da RA no Funcionamento Mental

Não é apenas tudo da sua cabeça - O Impacto da Artrite Reumatóide no Funcionamento Mental

Por Andrew Lumpe, PhD  traduzido de: https://rheumatoidarthritis.net/living/just-head-impact-ra-mental-functioning/

Uma leitura rápida das experiências de pacientes com AR revelará não apenas um conjunto comum de sintomas físicos, mas também uma expressão de mudanças em estados mentais e estados de humor ao longo do tempo. Esses sintomas mentais incluem mudanças de humor, falta de interesse na interação social, depressão e o que eu gosto de chamar de "neblina cerebral" ou mais cientificamente, disfunção cognitiva. A melhor maneira que eu criei para descrever esse sentimento para alguém que não possui RA é pensar sobre como seu cérebro se sente enquanto ele têm caso grave de gripe. Essa disfunção está associada a muitas doenças auto-imunes . 

A conexão entre humor e RA já é conhecida há algum tempo. De fato, já em 1970, os cientistas relataram uma correlação entre os sintomas das articulações e o humor em pacientes com AR.  E esses resultados foram repetidos várias vezes na literatura científica. 

Para muitos com RA, as mudanças de humor associadas à RA são mais difíceis de lidar com os sintomas físicos. É bastante frustrante quando seu cérebro simplesmente não "se levanta e trabalha bem". No entanto, o  American College of Rheumatology  (ACR) não inclui mudanças de humor / emocional em seus critérios diagnósticos para a RA . Este é o caso, apesar do risco de depressão em pacientes com AR é muito maior que as populações em geral. 

A deficiência cognitiva de qualquer tipo não é "apenas coisa da sua cabeça", como muitos amigos, membros da família e até mesmo os médicos acreditam. Eu argumento que pode haver processos bioquímicos envolvidos com AR que provocam esses sintomas. Um conjunto complexo de processos bioquímicos está envolvido com a RA. Parte desses processos inclui a superprodução de substâncias químicas inflamatórias chamadas citocinas. De acordo com alguns pesquisadores, as citocinas desempenham um papel no cérebro de pacientes doentes na determinação do humor. Citocinas inflamatórias relacionadas com a RA incluem interleucina-1, interleucina-6 e factor de necrose tumoral alfa (TNF). Essas citocinas são alvo de muitos  medicamentos biológicos  para a RA, como Humira, Enbrel e outros. Essas citocinas também estão relacionadas à depressão. Um grupo de cientistas demonstrou a conexão entre citocinas e alterações mentais em pacientes com AR. Eles declararam:

"A" hipótese de depressão da citocina "implica que as citocinas pró-inflamatórias, atuando como neuromoduladores, representam o fator-chave na mediação (central) das características comportamentais, neuroendócrinas e neuroquímicas dos transtornos depressivos. Várias doenças médicas, que se caracterizam por respostas inflamatórias crónicas, por exemplo a artrite reumatóide, têm sido relatados para ser acompanhada por depressão.” 

Para mim, a ligação entre a RA e os sintomas mentais é clara. Há momentos em que o meu cérebro cai, não consigo pensar com clareza, estou deprimido e simplesmente não quero estar com as pessoas. E esses tempos tendem a ser quando os sintomas de AR estão mais forte.

Além da disfunção cognitiva causada pelos processos bioquímicos da AR, os medicamentos que tomamos para controlar a doença também podem contribuir para o bem-estar mental. Quase todos os medicamentos modificadores da doença (DMARD) , biológicos , corticosteróides e dor apresentam efeitos colaterais ligados ao funcionamento mental. Esses efeitos colaterais incluem tonturas, sonolência, dor de cabeça, mudanças de humor, ansiedade e outras questões relacionadas. Como com qualquer efeito colateral, é preciso considerar os pros e os contras. Se eu não tomar os medicamentos da RA, sou mais propenso a danos permanentes nos tecidos. Se eu tomar os medicamentos, eu tenho que aprender a administrar a neblina do cérebro. Com a maioria dos pacientes, manter o processo da doença sob controle tem prioridade sobre os efeitos colaterais.

Os pacientes com AR devem ter o cuidado de não culpar todos os problemas mentais por conta da AR ou  de seus tratamentos. Aprendi a ser capaz de dizer quando os movimentos de humor e a neblina do cérebro estão associados à RA. Meu médico geral me disse que meu cansaço contínuo poderia apontar para algo além da depressão. Foi durante esse tempo que outros sintomas da AR se tornaram aparentes, levando a um encaminhamento para um reumatologista, diagnóstico e tratamento. Desejo que todos os médicos tenham esse nível de percepção porque odeio ler os pacientes com AR sendo demitidos porque seus sintomas são apenas "coisa da sua cabeça".

Espero que cientistas e médicos continuem a investigar as conexões entre doenças auto-imunes e funcionamento cognitivo. Talvez até seja usado como indicador da atividade da doença algum dia. Mais importante ainda, desejo que todos aqueles que sofrem de RA não se sintam culpados por mudanças em seu estado mental. Obtenha um bom regime de tratamento da AR, não tenha medo de tomar medicamentos para depressão ou ansiedade, fale com os outros sobre como você está se sentindo e fale com seu médico sobre mudanças significativas que afetam o funcionamento diário.